A canábis também nos pode dar música. Como assim?

//

Em 2012, os artistas Joe Patitucci e Alex Tyson criaram uma floresta de plantas tropicais no Museu de Arte da Filadélfia. As pessoas entraram para ouvir  o Data Garden Quartet, uma orquestra botânica. No sintetizador principal, um Philodendron. Um Schefflera arboricola fazia de baixo, enquanto um segundo schefflera coordenava o gerador de tons rítmicos. Um ambiente e efeitos controlados por uma planta de cobra.

Patitucci e Tyson equiparam cada uma das plantas com um pequeno dispositivo que traduzia o biofeedback em dados sónicos. O dispositivo estava numa folha, como um estetoscópio em miniatura, e monitorizava as flutuações da condução elétrica na superfície da folha. Esses dados foram inseridos num programa que transformou os sinais em controlos para instrumentos eletrónicos. À medida que a luz atingia uma folha, tom ou o ritmo alteravam. O Data Garden Quartet apresentou quatro músicas, todas improvisadas. A música soou como frequências ondulantes – entre tons frios e ambientes em camadas com sons eletrónicos.

Nesse ano, apresentaram a Data Garden Quartet em hortos, festivais e em outros museus. A música não mudou apenas com base no espaço, pois os sinais elétricos da planta também mudaram, e por vezes dramaticamente, quando uma pessoa em particular entrava ou saía de uma sala. Era como se as plantas estivessem a responder a uma energia que vai para além da perceção humana. Para Patitucci, inspirou admiração, e quis passa-la às pessoas.

Três anos mais tarde, ele uniu-se ao músico experimental Jon Shapiro para aumentar a tecnologia por de trás do Data Garden Quartet. Juntos, inventaram o MIDI Sprout, em que colocavam sondas presas à folha de uma planta. Entre o pequeno grupo de artistas e músicos que começaram a usá-lo para controlar os seus instrumentos eletrónicos, o MIDI Sprout foi um sucesso. Foi lançado no Kickstarter em 2014 e rapidamente superou o seu objectivo de financiamento. O dispositivo saiu dois anos depois: primeiro numa aplicação para iOS e depois tornou-se possível conectar o MIDI Sprout diretamente a um iPhone.

Desde então, formou-se uma comunidade de músicos de plantas, gravando vídeos e espalhando a mensagem.

O PlantWave funciona exactamente como o MIDI Sprout, no entanto este apenas foi projectado para uso doméstico. Neste, os sensores ficam na folha de uma planta e conectam-se a um telemóvel, tablet ou computador através de Bluetooth.

Para Shapiro e Patitucci, que são artistas, os sons espontâneos gerados pelo MIDI Sprout e o PlantWave contêm interpretações bastante interessantes sobre a relação entre os seres humanos e o mundo envolvente.

Embora alguns botânicos e cientistas tenham investigado a ideia de que as plantas possuem algum tipo de inteligência, existe muita pouca evidência que possam apoiar a ideia de “consciência das plantas”. As plantas podem sentir certas coisas, compartilhar nutrientes de maneiras e reconhecer plantas relacionadas. E, embora haja riscos em antropomorfizar o jardim, coisas surpreendentes parecem acontecer nos estudos de plantas. Segundo uma entrevista feita a Ted Farmer pelo The New York Times, o botânico da Universidade de Lausanne, afirmou que “a maneira como as plantas respondem nos seus ambientes é muito mais complexa do que muitos de nós imaginamos”.

As composições resultantes do PlantWave são lindas e misteriosas. Os sons eletrônicos suaves lembram as primeiras experiências da música vegetal nos anos 70, quando vários artistas iniciaram projetos como a “Mãe Terra Plantasia”, um álbum de música quente da terra para plantas e para as pessoas quem as amam. Mas o PlantWave não está a fazer música para as plantas mas a partir delas, para as pessoas, na esperança de promover uma apreciação que um dia nos possa ajudar a entender mais sobre o mundo ao nosso redor.

O PlantWave custa cerca de 240 euros em pré-encomenda, o que pode ser um preço elevado para quem tenha pouco contacto com plantas, no entanto para os utilizadores da canábis poderá ser bastante útil, principalmente se forem músicos.

Ne ratez rien de l’actualité du chanvre et du CBD, inscrivez-vous à la Zeweed Newsletter!

Previous Story

Canábis na Europa, em 2020

Next Story

A Tilray e World High Life Plc estão na corrida, no mercado europeu da canábis.

Latest from Cultura

SXSW Cancelado

Depois de anunciarmos há uns meses atrás que iria existir um espaço dedicado à canábis, no

NFL e a canábis

A Liga Nacional de Futebol Americano está prestes a fazer uma mudança dramática na sua política

Yoga e a canábis

No Yoga atinge-se o estado mental puro que permite que a disciplina escolha a ingestão correta